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Excesso de trabalho pode virar doença quando se torna um vício

Estudos afirmam que o vício em trabalho é semelhante ao vício em drogas

Se você costuma esquecer compromissos sociais como festas de família, encontro com os amigos, horário no dentista, entre outras coisinhas, devido às horas a mais que permanece no escritório; ou se mesmo dormindo ou comendo sua cabeça continua a mil por hora com pensamentos voltados para o trabalho, e ainda se empolga mais com suas atividades profissionais do que com qualquer outra coisa: cuidado! Você pode ser um workaholic.

Os workaholics são pessoas que sofrem de dependência do trabalho. O profissional exerce sua atividade em demasia fazendo do trabalho sua principal razão de viver, e o pior, ele não se dá conta disso. Estudos recentes de casos clínicos em consultórios psicológicos e psiquiátricos concluíram que o vício em trabalho é similar ao vício em álcool ou cocaína.

"São pessoas que trabalham mais de 10 horas por dia, e quando chegam os finais de semana eles continuam ligados ao ambiente de trabalho. Levam tarefas para casa, resolvem pepinos durante o almoço. Não desgrudam do laptop mesmo no clube ou em uma praia", explica a psiquiatra Ida Ortolani.

Eduardo Haranaka, Diretor Regional da BRQ, empresa prestadora de serviços em informática, conta que diariamente sua carga horária deveria ser de 8h, mas acaba trabalhando de 12h a 14h. "Aos sábados e domingos trabalho mais 4h por dia. Trabalho além do expediente, pois não dá tempo de fazer tudo o que é necessário", desabafa. Os amigos de Haranaka brincam com ele devido a nunca chegar na hora dos Happy Hours. "Ao invés de chegar para o Happy Hour eu chego para o Sad Hour, a hora que todo mundo tá indo embora", Eduardo confessa.

Outro exemplo é Cristina Morais, produtora de eventos e sócio-proprietária da Língua de Sogra Eventos, que, apesar de não se considerar uma workaholic, costuma trabalhar 14h por dia. "Várias vezes tenho que dobrar o dia. Como trabalho com eventos, faz parte ficar 24h acordada resolvendo os problemas. Mas é muito satisfatório ver a felicidade na cara dos meus clientes", declara Cristina. A produtora, que não se separa do bloco de notas e nem de um mini gravador de mão, confessa que pensa no trabalho até quando está fazendo outras atividades, como quando está na academia.

Contudo, a situação pode ser considerada um vício. "A pessoa não sofre, pelo contrário, sente prazer, passa parte de seu tempo livre trabalhando e nem percebe, aumentando cada vez mais seu tempo com atividades laborativas, em detrimento de si próprio, da família, dos amigos, do lazer", alerta a psiquiatra. Esta é a maior consequência em ser um workaholic: a deterioração da qualidade de vida do indivíduo e também daqueles que o cercam.

A pessoa só começa a perceber que está se autodestruindo quando perde todos a sua volta. Além dessa consequência, o indivíduo pode apresentar quadros de estresse, insônia, surtos de mau humor, pressão alta e depressão. A palavra workaholic é uma expressão americana que teve origem nas palavras alcoholic (alcoólatra) e work (trabalho). Os motivos que levaram o seu surgimento pode ser explicado pela nossa sociedade que é incentivada pela alta competição, sobrecarregando o cotidiano de muitas pessoas.

A globalização aumentou a concorrência e a pressão sobre o profissional. Aliado a isso, a vinda das novas tecnologias na área das comunicações, como a Internet, faz com que o mundo não pare. "Além de todos estes motivos, podemos somar a busca por poder, status e realização profissional aumentando a tendência para esse vício", explica Ida.

Querer crescer e prosperar é super positivo, mas na medida certa. Quando isso se torna exagero, a ambição torna-se obsessão. O passo fundamental para a pessoa se recuperar é reconhecer e querer mudar, o que pode ser muito difícil.

"Uma vez tirei uns dias de folga e fui para o litoral. Quando eu estava na praia, começou a me dar uma vontade de pegar meu laptop e ler meus e-mails, fazer ligações... Mas daí parei, respirei e corri para dar um mergulho no mar. Aí aquela vontade, que estava quase incontrolável, acabou passando", conta Eduardo.


Síndrome do lazer

Estima-se que 5% da população economicamente ativa possui a síndrome do lazer, que pode ser definida pela presença de crises de ansiedade, angústia, dores de cabeça e/ou musculares, náuseas e fadiga em indivíduos que encontram-se fora de suas atividades profissionais. O problema afeta homens e mulheres que apresentam um comportamento compulsivo pelo trabalho, os workaholics, e por isso manifesta-se nos finais de semana, feriados prolongados e, principalmente, em períodos destinados às férias.

* Esta ferramenta não fornece aconselhamento médico. Destina-se apenas a fins informativos gerais, não pretende concluir nenhum diagnóstico e não aborda circunstâncias individuais. Não é um substituto do aconselhamento ou acompanhamento de profissionais da saúde. Alertamos que o diagnóstico e o tratamento não devem ser baseados neste site para tomar decisões sobre sua saúde. Jamais ignore o conselho médico profissional por algo que leu no www.saude.com.br. Se tiver uma emergência médica, ligue imediatamente para o seu médico.

Esta matéria pertence ao acervo do saude.com.br

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