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Câncer colorretal: desvendando a colonoscopia

O câncer colorretal é um dos mais frequentes entre os brasileiros, independentemente do sexo, e seu diagnóstico ainda é um tabu

O câncer colorretal, que abrange o intestino grosso (cólon) e o reto, atinge um grande número de pessoas em todo o mundo. De acordo com a Sociedade Americana de Câncer, já é o câncer mais letal nos Estados Unidos, com duzentos mil novos casos por ano. O INCA, Instituto Nacional do Câncer, o aponta como o 5º tumor maligno mais frequente entre homens no Brasil, e o 4º entre as mulheres.

Em cerca de 90% dos casos, ele ocorre após os 50 anos de idade e os principais fatores de risco são: histórico familiar, doenças inflamatórias no intestino e presença de pólipos em exames anteriores. História antecedente de câncer de ovário, endométrio ou mama, dieta rica em gordura animal e carne vermelha, obesidade e sedentarismo também podem ser considerados fatores secundários de risco.

As chances de desenvolver câncer colorretal é a mesma entre homens e mulheres. "Muitas vezes, as mulheres não sabem que também precisam ir ao coloproctologista, pensam que é só para os homens porque associam com a próstata. Mas também necessitam fazer o exame com esse profissional, afinal, elas também têm intestino grosso, reto e ânus", esclarece o Dr. Miguel Arcanjo Gialluisi, membro titular da Sociedade Brasileira de Coloproctologia.

Quem apresenta sangramento, alteração do hábito intestinal (prisão de ventre, diarreia, muco nas fezes) ou cólicas de repetição, deve fazer um exame chamado colonoscopia. "É um procedimento endoscópico, isto é, que olha por dentro. Faz a visualização do reto, intestino grosso e, na maioria das vezes, inclui os dez centímetros finais do intestino delgado. Através dele, podemos observar todas as anomalias que possam estar contidas no interior do cólon e do eto. Sendo as mais comuns: tumores benignos ou malignos, divertículos e anormalidades vasculares", explica o especialista.

O instrumento utilizado no procedimento é um tubo flexível de fibra óptica, que tem na extremidade final uma mini câmera que transmite para um monitor colorido as imagens internas. "Como as doenças nesta região não são visíveis, além de na maioria das vezes assintomáticas, o exame torna-se muito importante. É fundamental que qualquer sinal ou sintoma descrito, independentemente da faixa etária, seja investigado. O que não significa a obrigatoriedade da colonoscopia, depende da avaliação criteriosa do coloproctologista", acrescenta o médico.

Quem já teve casos na família, deve realizar o exame mais precocemente, pois apresenta maior risco de ser portador de um pólipo que poderá se transformar em câncer. "A colonoscopia também deve ser indicada como método preventivo, para ambos os sexos. E como as anomalias identificadas são em grande parte assintomáticas, aconselha-se o exame a todas as pessoas a partir dos 50 anos, mesmo que não se tenha histórico familiar", diz o Dr. Gialluisi.

Durante o procedimento endoscópico, o intestino precisa estar completamente limpo, isento de fezes e resíduos alimentares. Por isso é necessário usar laxativos e seguir uma dieta orientada para a realização do exame. O paciente também precisa de um acompanhante, pois é sedado para a sua realização. Na maioria das vezes, a colonoscopia é feita em unidades hospitalares, embora alguns profissionais a realizem em suas clínicas, munidos da aparelhagem adequada para qualquer eventualidade. "Cada vez mais o procedimento é seguro, é claro que se realizado por profissionais habilitados e nas condições já descritas", comenta o coloproctologista.

De modo geral, não existe nenhuma contraindicação para o exame. Porém, assim como em qualquer outra condição, pacientes de alto risco clínico, como pessoas com problemas cardíacos, merecem atenção especial.

O exame é indolor. Contudo, para melhorar a visualização, é necessário injetar pequenas quantidades de ar dentro do intestino, o que pode gerar um leve desconforto abdominal após o procedimento. O paciente vai embora no mesmo dia, só precisa de, mais ou menos, uma hora de repouso após o exame. Muitas pessoas pensam que a colonoscopia é uma cirurgia, por isso, o doutor esclarece: "é um exame que pode propiciar a procedimentos cirúrgicos endoscópicos, como, por exemplo, retirada de lesões passíveis de ressecção segura".

Entretanto, o doutor enfatiza que a colonoscopia não deve ser realizada sem que antes seja feito um exame pelo coloproctologista. "Um câncer de ânus ou na parte final do reto pode passar despercebido na colonoscopia. É essencial que se consulte antes o coloproctologista, já que este é capaz de analisar com maior acuidade o terço final do reto, ânus e região perianal".

O sucesso do tratamento é de alto índice, quando a lesão é detectada precocemente. E essa é a importância dos exames, pela possibilidade da identificação de anomalias que podem ser conduzidas com excelente prognóstico. "Infelizmente os portadores da doença, por descuido, má orientação ou não valorização dos sinais ou sintomas, chegam ao consultório em um estágio muito avançado", lamenta o médico.

A colonoscopia também não é um exame acessível financeiramente para a maioria da população mundial. Mas existe uma forma de rastreamento populacional mais barata, a pesquisa de sangue oculto nas fezes, realizada em laboratórios convencionais.

O especialista ainda alerta que marcadores tumorais (CEA - CA-19.9), exames de sangue encaminhados para laboratórios de análises clínicas, não devem nunca ser usados como triagem. "Esses indicadores no sangue têm como objetivo o acompanhamento de pessoas que tiveram câncer colorretal. Não podem ser utilizados como métodos de rastreamento, e podem, inclusive, assustar os pacientes desnecessariamente".

Além disso, é sempre bom alertar que uma dieta rica em frutas, vegetais, fibras e pobre em gorduras animais são medidas auxiliares e preventivas contra o câncer colorretal. E claro, a prática de exercícios físicos. Apesar de haver muito mais consciência nos dias de hoje, é necessário acabar de vez com o preconceito que alguns pacientes, independentemente do sexo, ainda têm em relação aos exames coloproctologicos. Afinal, esses procedimentos são muito eficazes e trazem informações prognósticas valiosas.

Para mais informações, acesse o site da Sociedade Brasileira de Coloproctologia: www.sbcp.org.br.

* Esta ferramenta não fornece aconselhamento médico. Destina-se apenas a fins informativos gerais, não pretende concluir nenhum diagnóstico e não aborda circunstâncias individuais. Não é um substituto do aconselhamento ou acompanhamento de profissionais da saúde. Alertamos que o diagnóstico e o tratamento não devem ser baseados neste site para tomar decisões sobre sua saúde. Jamais ignore o conselho médico profissional por algo que leu no www.saude.com.br. Se tiver uma emergência médica, ligue imediatamente para o seu médico.

Esta matéria pertence ao acervo do saude.com.br

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